março 24, 2011

ARTE DE RECONHECER


Certa vez, na empresa que trabalhava, circulou um e-mail que causou um tremendo alvoroço e um grande mal estar. O texto saiu diretamente da máquina do presidente para todos os diretores, gerentes, vendedores, assistentes e telemarketing. Como o Dr. Antenor, o presidente, raramente passava e-mail e quando o fazia era restrito à diretoria, o conteúdo foi rapidamente disseminado pela empresa - inclusive através da “rádio corredor/rádio peão”, que imediatamente entrou no ar -. Era a história de um vendedor completamente analfabeto, invasor de territórios e sem a menor noção de planejamento, mas que vendia feito um louco. Veja o conteúdo do e-mail:

“O gerente de vendas recebeu o seguinte fax de um de seus vendedores viajantes:
- Seu Gomis, o criente de Belzonti pidiu mais cuatrucenta pessa. Faz favor tomá pruvidensa! Abrasso, Nirso

Meia hora depois, outro fax.

- Seu Gomis, o relatóro de venda vai chegá atrazado prumodi tamo fexando mais umas venda. Temo qui manda treis mil pessa pro criente de Sete Lagoa. Amanhã ta chegano o relatóro. Abrasso, Nirso.

No dia seguinte...

- Seu Gomis, discurpa, eu num cheguei pocauza de qui segui direto pra Beraba i vendi mais deiz mil pessa. Tô indo, indagora pra Brazilia. Abrasso, Nirso.

No outro dia...

- Seu Gomis, Brazilia fechô vinti mil pessa e to indo indagorinha pra Frorianópis, modi vizitá outro criente bão de mais sô, foi o criente di Brasília que indicô e di lá pego o avinhão praí. Abrasso, Nirso “.


E assim foi o mês inteiro... O gerente, muito preocupado com a imagem da empresa, resolveu levar o assunto e os faxes do Nirso para o Presidente da empresa. O Presidente o ouviu atentamente e prometeu providências.

Redigiu, de próprio punho, um recado e mandou afixar no quadro de avisos da empresa:

A partí di ogi, nóis tudo vamo fazê feito o Nirso.
Sí precupá menos em falá bunito e em iscrevê relatóros mirabolantes modi nóis vendê mais.
Acinado: Prizidenti”

Nenhum comentário:

Postar um comentário