outubro 03, 2011

Não é Piada,Rafinha está fora do CQC.


Rafinha Bastos está temporariamente fora da bancada do CQC (Band) a partir desta segunda-feira (3/10). A informação é da colunista Monica Bergamo (Folha de S.Paulo).

O motivo é um comentário sobre a cantora Wanessa Camargo durante o programa exibido no dia 19 de setembro. "Que bonitinha que está a Wanessa Camargo grávida", disse Marcelo Tas. "Eu comeria ela e o bebê", afirmou Bastos. Marco Luque, terceiro integrante da bancada do CQC, sorriu.

Na sexta-feira (30/9), onze dias após o ocorrido, Luque enviou uma nota de repúdio para a imprensa. "Sobre a piada feita pelo Rafinha Bastos, no programa CQC que foi ao ar no dia 19 de setembro, eu, como pai, entendo e apoio a revolta e a indignação do Marcus Buaiz, um homem que conheço e respeito. Se fizessem uma piada com este contexto sobre a minha família, certamente ficaria ofendido. Com certeza uma piada idiota e de muito mau gosto".

Luque é garoto-propaganda da operadora de celular Claro, ao lado do ex-jogador Ronaldo - que por sua vez é sócio de Marcus Buaiz, marido de Wanessa, na agência de marketing esportivo R9ine.


No sábado (1/10), a revista Veja São Paulo chegou às bancas estampando Bastos em sua capa: "o novo rei da baixaria".

Segundo a reportagem, Hélio Vargas, diretor artístico e de programação da Band, ligou pessoalmente para Buaiz para se desculpar. "A emissora não gostou da piada e ainda está avaliando um possível afastamento dele do programa", afirma o executivo. Tas condenou o colega de bancada para a revista. "Acho que o CQC precisa superar a adolescência, passar dessa fase de rebeldia sem causa".


Para a Veja São Paulo, os humoristas se defendem com "o velho discurso da liberdade de expressão". Só quem ignora a História pode acreditar que um princípio tão caro seja arcaico.

Não podemos esquecer ainda que Rafinha já tinha sido obrigado pela emissora a pedir desculpas, ao vivo, para a apresentadora Daniela Albuquerque, da RedeTV, por tê-la chamado de "cadela" numa de suas muitas piadas infames e sem a menor graça.


Lamentável que um humorista que possui um dos melhores programas de jornalismo investigativo da TV, "A Liga", cometa atrocidades tão vis num programa do potencial de audiência que tem o CQC.

Contudo, a suspensão de Bastos, e um provável afastamento definitivo do humorístico das segundas-feira, se aparentemente tem a conotação de uma simples punição para um comentário infeliz e lamentável, pode abrir precedente para uma escalada desenfreada de censura contra comediantes no país.


No mínimo, deve-se ter cuidado antes de qualquer análise mais eufórica. Calar ou "domesticar" humoristas, exigindo-se deles pedidos de desculpas ou pressionando-se para seu afastamento, pode ser perigoso e significar um grande retrocesso em um país que ainda está aprendendo a viver numa democracia.

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