Blog Reinaldo Azevedo – O
deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) não deixa de ser um fenômeno de marketing. Não
deixa de impressionar que tenha chegado tão longe. Mais do que isso: conseguiu
eleger sua prole.
Na Internet, seus sicários de
reputações atuam com uma energia ímpar. E delicadeza compatível.
Talvez vocês não estejam
ligando o nome à pessoa. É aquele parlamentar que se juntou a Jean Wyllys
(PSOL) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ) contra a educação. Como? Ora, eles se
opuseram a que universidades federais possam — não seria obrigatório — cobrar
por cursos de especialização.
Os três “jotas” dessa suruba
ideológica são contra ainda privatizações, terceirização, reforma da
Previdência… Já escrevi sobre eles hoje mesmo.
Lava Jato
O dado mais vistoso que Bolsonaro exibe em sua biografia se revela pela
ausência. Ele se orgulha de não estar na Lava Jato. Que eu saiba, o Tiririca,
que é um humorista mais competente do que Bolsonaro, também não. Mas nem por
isso se candidata à Presidência da República, não é mesmo?
No dia em que se torna
público que Sergio Moro condenou o ex-deputado Eduardo Cunha a 15 anos de
prisão e em que o juiz disse o que considerou impropriedades sobre o projeto
que pune abuso de autoridade, Bolsonaro o encontrou no aeroporto de Brasília.
O parlamentar estava
acompanhado, né?, com a sua diligente “entourage”. Eis que ele vê o juiz Sergio
Moro conversando com algumas pessoas — imaginem o assédio de que não é alvo,
né?, ainda mais num dia como esta quinta.
O buliçoso pré-presidenciável
não teve dúvida. Sempre filmado por seus fãs, vai em direção a Moro e, ora,
ora, resolve bater continência! Que soldado disciplinado!
A continência, claro, é
indevida. Quando Bolsonaro decide ser engraçado, ele bate continência. O que
fará quando fica furioso? A pergunta é retórica. Não quero saber.
Bem, meus caros, assistiu-se
a um vexame, né?, a um constrangimento. Moro, como se dizia no meu tempo de
moleque, “se pirulitou”, se mandou, foi embora, saiu, como escrevia o redator
no tempo em que se dizia “priscas eras”, em “desabalada carreira”, enquanto
Bolsonaro olhava para os “populares” (outro termo delicioso d’antanho) com ar
desenxabido.
Não menos engraçado é
acompanhar o que se deu nas redes, né? É claro que o vídeo viralizou. Está em
todo canto.
A análise objetiva, fria,
técnica da situação, mostra que o juiz não queria ser visto ao lado do
deputado de jeito nenhum. Até porque o homem não é apenas um investigado no
STF. Ele já é réu mesmo.
Ademais, há o peso das vastas
emoções e pensamentos imperfeitos do homem que diz que uma determinada deputada
não “merece” ser estuprada porque é muito feia. Ele acha que isso é liberdade
de expressão e que tal consideração está protegida pela imunidade parlamentar.
Sim, Moro se mandou, fazendo
um ligeiríssimo aceno. As páginas e canais de esquerda, por óbvio, não
perdoaram. Ao menos desta vez, estão mesmo certas: Bolsonaro foi humilhado.
Ah, mas não para os crentes
da Igreja dos Santos dos Últimos Dias do Nióbio e do Grafeno! Seus entusiastas
publicam o vídeo do vexame com títulos mais ou menos assim: “Encontro de mitos
no aeroporto”.
É claro que é espantoso! Que
Moro seja alçado a essa condição, trata-se de um exagero, mas vá lá… Encarna
hoje a luta contra a corrupção. Mas Bolsonaro seria mito exatamente por quê?
Por suas feridas de guerra? Por sua luta incansável pela democracia? Por
sua aposta na tolerância política? Por seu apreço pela diversidade?
Ou, ora vejam, ele encarna o
exato oposto de tudo isso?
A resposta é óbvia.
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