SÃO LUÍS – A famosa “zueira” na internet tem limites. Segundo especialistas, quando as brincadeiras atingem o limite e passam a constranger uma pessoa, elas são consideradas um cyberbullying, termo que qualifica e-mails ameaçadores, mensagens negativas em sites de relacionamento e fotos e textos constrangedores para a vítima. Psicólogos apontam que os danos são inimagináveis. Em São Luís, o funcionário portuário David Barros, de 37 anos, vem passando por este problema. Recentemente, ele ficou surpreso ao ver montagens depreciativas com uma foto sua circulando nas redes sociais.
Davi
já prestou queixa na delegacia, no entanto afirma que o problema só vem
crescendo. Segundo ele, até andar pelas ruas está sendo complicado, já que
muitas pessoas o reconhecem. Davi revela que familiares também estão bastante
chateados e, muito abalado, ele já considera não ingressar em uma faculdade na
qual já passou no vestibular, temendo iniciar os estudos tendo que encarar essa
situação. Amigos e internautas de várias partes do país se solidarizaram com a
situação.
David
Barros diz que ficou bastante surpreso ao encontrar uma foto sua, em um momento
de felicidade, quando ele se formou em um curso técnico, sendo usada como piada
em redes sociais. “Poxa, eu estava em um momento de felicidade. Não sei porque
fizeram isso. Estou, sim, muito triste”, disse.
David
revela que nas ruas as pessoas o reconhecem e começam a sorrir. “Essa montagem
já circula também no WhatsApp. As pessoas me olham na rua ficam sorrindo, Isso
é muito chato”, comenta Davi, lembrando que parente seus também estão
convivendo com o problema. “Minha família também não gostou. Minha namorada
também ficou irritada”.
Uma
das montagens que circula na internet com a foto do Davi (Foto:
Reprodução/internet )
A
vítima diz que foi à delegacia para que outras pessoas não sofram com o mesmo
problema. “Fui bem tratado pelo delegado, que entendeu pelo que eu estou
passando. A polícia está procurando as pessoas que estão fazendo isso”, falou.
Davi
revela que não conhece as pessoas que iniciaram os ataques contra ele na
internet.
Desistência
da faculdade e apoio de internautas
David
comenta que recentemente passou em um vestibular para uma faculdade privada,
mas pensa em desistir do curso. A vítima revela que não quer instigar a
violência e lembra que pessoas de vários lugares do país estão se solidarizando
com sua situação.
“Tem
um grupo lá da faculdade e a foto foi publicada. Realmente fiquei muito
constrangido. Sinceramente, estou pensando em não fazer o curso. Não pretendo
ter de encarar mais esse problema”, lamenta ele.
O
funcionário portuário contou também que pessoas de vários estados do Brasil
entraram em contato com ele. “Tenho tido apoio de muitos amigos. Várias
mensagens de apoio estão chegando. Até de pessoas de outros estados. No
entanto, não quero incentivar a revolta de ninguém. Não quero violência”,
disse.
A
vítima revela que já entrou em contato com uma das pessoas que compartilhou a
montagem e teve de retirar várias fotos de suas redes sociais.
Cyberbullying
é crime
Já
são tão tipificados no Código Penal Brasileiro (Decreto-Lei 2.848/40) os crimes
de cyberbullying (intimidação sistemática praticada via internet) e de
cyberstalking (perseguição praticada pela rede), não sendo necessárias mudanças
na legislação para puni-los.
Em
audiência pública da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Crimes
Cibernéticos na Câmara dos Deputados, no ano passado, uma organização não
governamental mostrou que o bullying na rede só aumenta. Entre 2012 e 2014, o
número de denúncias de cyberbullying à organização aumentou mais de 500%. Para
lidar com o problema, deputados da CPI defenderam iniciativas para melhorar a
educação digital dos jovens.
Sobre
cyberbullyin
Cyberbullying
é um tipo de violência praticada contra alguém através da internet ou de outras
tecnologias relacionadas. Praticar cyberbullying significa usar o espaço
virtual para intimidar e hostilizar uma pessoa (colega de escola, professores,
ou mesmo desconhecidos), difamando, insultando ou atacando covardemente.
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