Ísola afirma que é cansativo esperar por horas dentro de uma sala até começar o Enem (Foto: Arquivo pessoal) |
As modificações
no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2017, divulgadas nesta
quinta-feira (9) pelo Ministério da Educação (MEC), foram comemoradas por
candidatos sabatistas – religiosos que só podem estudar ou trabalhar aos
sábados após o pôr do sol. A prova passará a ser aplicada em dois domingos
consecutivos, e não mais em um fim de semana.
De 2009 a 2016, os sabatistas
chegavam ao local de prova às 13h (horário de Brasília) e ficavam isolados em
uma sala até as 19h, quando começavam a fazer o exame. No Acre, por exemplo,
por causa do fuso horário, o tempo de espera era de 9 horas.
Erro! Nome de arquivo não
especificado.
Ísola Almeida, de 29 anos, é
sabatista e já fez o Enem mais de uma vez. Ela aprovou a mudança na aplicação
da prova. “A espera até a hora do exame é muito cansativa. Não podemos olhar
para o lado nem ler algo, mesmo que não tenha relação com as disciplinas do
Enem. É uma pressão muito forte”, afirma. “Eu terminava as questões quase às
23h do sábado, então tinha pouco tempo de descanso até o início da prova do
domingo.”
Ela conta que participou da
consulta pública sobre o Enem e votou para que o exame ocorresse em dois
domingos consecutivos. Formada em direito, ela pleiteará uma vaga em
veterinária em 2017.
“É melhor para nós. Conheço
meninas que passaram mal na espera até a prova, porque ficaram muito tempo sem
comer corretamente. Alguns saíam da sala dizendo que nunca mais fariam o Enem.
Vai ser mais tranquilo assim”, conta.
Preconceito
Ísola relata que existe um
estranhamento da população em relação aos sabatistas. “É uma demonstração de
fé. A gente faz esse esforço do Enem por Deus, então isso alivia um pouco a
situação. Mas muita gente acha que tiramos o sábado para ficar dormindo”,
conta. “Na verdade, temos mais atividades aos sábados do que em outros dias.
Vamos a cultos e ajudamos pessoas. Não é para fugir de aula ou de trabalho”,
conclui.
Gastos do governo
De acordo com o Inep, a aplicação
do exame em horário diferente fazia com que cada candidato sabatista custasse
para o governo R$ 16,39 a mais do que os demais participantes, devido às
despesas extras trazidas pela aplicação do exame à noite no sábado. No Enem
2016, os 76 mil sabatistas que fizeram a prova acarretaram um gasto de
aproximadamente R$ 646 mil.
G1
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