A imprensa nacional publicou ontem quinta-feira 04/09, flagra de um fotógrafo da agência Reuters que no dia 7 de agosto, mostrou índios da etnia Ka’apor promovendo uma caçada a madeireiros ilegais que agiam nas matas do Alto Turiaçu, próximo a Centro do Guilherme e Maranhãozinho.
Cansados da inoperância do governo do Estado para fiscalizar e manter os madeireiros longe das terras legalmente pertencentes à tribo, os guerreiros Ka’apor amarraram os criminosos e tiraram a roupa de alguns deles. Eles também jogaram gasolina nos caminhões usados pelos madeireiros e atearam fogo.
De acordo com Fundação Nacional do Índio (Funai), os indígenas, chamados de “guardiões da floresta”, têm realizado naquela região ações de apreensão de madeireiros ilegais. A Funai diz ter conhecimento dessas ações e já solicitou apoio policial para evitar que ocorram excessos ou conflitos.
Operação Cupim
As notícias recentes acerca do conflito entre madeireiros e índios nas matas do Alto Turiaçu, trazem recordação sobre o desfecho da Operação Cupim, da Polícia Federal. No ano de 2012, após a conclusão das investigações indiciou 11 pessoas, entre elas o então prefeito do município de Maranhãozinho, Josimar Cunha Rodrigues, pelos crimes de corrupção passiva, prevaricação, concussão, peculato e formação de quadrilha ou bando.
Os indiciados foram acusados de fazer parte de um esquema criminoso, em que era cobrada uma taxa para entrada de caminhões em áreas indígenas, para extração de grande quantidade de madeira de forma ilegal. O nome da operação policial significa cupim, em tupi-guarani, que é considerada uma praga perigosa que ataca a madeira e outros produtos agrícolas.
Segundo a Polícia Federal ação criminosa foi iniciada desde 2011, a partir de investigações da Operação Arco de Fogo e, em setembro de 2012, várias pessoas foram presas. Naquela ocasião, a PF fez buscas na prefeitura, na residência do prefeito Josimar Cunha e na residência de outras pessoas envolvidas no esquema.
Segundo os delegados que conduziram o caso, o maior dano é o ambiental, que é irreparável; salientaram também o que causou espanto o poder financeiro da quadrilha, com grande quantidade de bens adquiridos em curto período por Josimar Cunha, um dos envolvidos no esquema, avaliado em aproximadamente R$ 30 milhões.
Segundo a Polícia Federal, o esquema funcionava com a prefeitura cobrando uma taxa de R$ 150, que dava direito a um tíquete para que cada caminhão (previamente cadastrado na prefeitura de Maranhãozinho, obedecendo algumas predeterminações) entrasse na reserva indígena e de lá extraísse a madeira ilegalmente.
Cerca de 20 caminhões, por dia, saíam carregados do local, sem autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), da Fundação Nacional do Índio (Funai) e da Polícia Federal; e sem que o dinheiro fosse repassado aos cofres públicos.
Além do prefeito de Maranhãozinho, participavam do crime quatro policiais militares e vários funcionários públicos que, armados ilegalmente, faziam barreiras e cancelas. A estimativa é de que um faturamento de mais de R$ 3 mil era obtido por dia. “Praticavam a ilegalidade de forma institucionalizada”, resumiu o delegado Lucena.
Na ocasião, a polícia também investigou o envolvimento da mulher do prefeito Josimar, Maria Deusdete Lima, prefeita de Centro do Guilherme.
Denúncia de morador
Meses atrás, o Blog do Domingos Costa, entrevistou um morador que se diz fundador do Município de Maranhãozinho. Guilherme Lopes da Silva, 72 anos, conhecido por “Guilerme Teo”, o senhor fez duras e graves denuncias contra o ex-prefeito do Município Josimar Cunha Rodrigues(PR).
O senhor Guilherme, mostrando protocolos de documentos, lembrou que foi ele o autor da denuncia à Polícia Federal que deu inicio as investigações da Operação Cupim.
“Josimar cobrava pedágio para madeireiros entrarem com caminhões em áreas indígenas do INCRA e extraírem grande quantidade de madeira de forma ilegal. O esquema criminoso dele não é só na política. Ele dava uma carteirinha da Prefeitura de Maranhãozinho para os madeireiros entrarem na terras da FUNAI. Foi eu que denunciei tudo” Lembrou Guilerme Teo.
Portanto, toda vez que surgir na imprensa casos de conflitos em índios da etnia Ka’apor e madeireiros ilegais na região nas matas do Alto Turiaçu entre os Municípios de Centro do Guilherme e Maranhãozinho, será lembrado o nome do Josimar Cunha, por motivos óbvios…
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