setembro 18, 2014

Homem faz declaração de amor em meio a tumulto em Pedrinhas

Homem estende faixa com declaração de amor a servidora do Complexo de Pedrinhas (Foto: Clarissa Carramilo/G1)

Homem estende faixa com declaração de amor a servidora do Complexo de Pedrinhas (Foto: Clarissa Carramilo/G1)
Do G1 MA – A manhã foi de tensão no Complexo de Pedrinhas, em São Luís, quando vários presos tentaram fugir da Casa de Detenção. Uns pela porta da frente, outros pulando muro, como flagraram os repórteres Alex Barbosa e Miguel Nery (veja na imagem abaixo). Alheio a toda a confusão e mesmo ao risco que corria, um homem estendeu uma faixa, em frente ao complexo, com a frase: “Eu te amo, Lucimar. Larga de loucura, que o louco sou eu e quero casar com você”.
Lucimar trabalha há três anos na recepção do Complexo Prisional. Ao tomar conhecimento do que o companheiro havia feito, ela se escondeu. A jornalista Andressa Miranda, que cobria a tentativa de fuga na Cadet, contou que tudo foi completamente inesperado. “Ele chegou todo sorrindente. Todo mundo achava que fosse parente de preso, algo do tipo. Todos achavam que fosse um protesto por algo relacionado ao sistema penitenciário. De repente, ele estende uma declaração de amor”.
A demonstração de afeto, no entanto, não durou muito tempo. Logo, o Grupo Especial de Operações Policiais (Geop) retirou a faixa. Ele ainda conseguiu falar com a amada, que foi chamada na unidade prisional por um agente penitenciário. Nenhum dos dois quis comentar o ocorrido.
O local escolhido para a declaração é conhecido internacionalmente pelos problemas de segurança gerados por fugas e mortes, e também foi palco de brigas de facções, com presos decapitados. Somente na Casa de Detenção, nos últimos 11 meses, 10 detentos morreram no local e pelo menos 20 ficaram feridos após briga entre facções criminosas. O Complexo Penitenciário de Pedrinhas abriga oito unidades prisionais: a Casa de Detenção (Cadet), o Centro de Detenção Provisória (CDP), Central de Custódia de Presos de Justiça (CCPJ), Centro de Triagem (CT), Penitenciária de Pedrinhas (PP), Presídio São Luís I e II (PSL I e PSL II) e Centro de Reeducação e Integração Social das Mulheres Apenadas (Crisma) ou Presídio Feminino (PF).
Tentativa de fuga
Presídio de Pedrinhas, no MA, tem nova tentativa de fuga (Foto: Reprodução/GloboNews)
Presídio de Pedrinhas, no MA, tem nova tentativa de fuga (Foto: Reprodução/GloboNews)
O homem que fez a declaração de amor talvez nem imaginasse que fosse se deparar com tanto tumulto em Pedrinhas nesta quarta, quando houve uma nova tentativa de fuga de presos, desta vez, na Casa de Detenção ( Cadet) do Complexo. Presos pularam o muro da unidade e foram cercados por policiais. Nesta semana, o então diretor da unidade, Cláudio Barcelos, foi preso por suspeita de facilitação de fugas, e o Pastor Noleto Gomes da Silva foi nomeado para o cargo.
A assessoria da Secretaria de Justiça e Administração Penitenciária do Maranhão ( Sejap) informou que não houve fuga de presos nesta manhã. De acordo com a Sejap, o tumulto foi controlado. Ainda segundo a secretaria, o tumulto foi causado após transferência de presos iniciada há duas semanas, após a conclusão das obras no Presídio São Luís III.
Durante a madrugada, uma fuga foi registrada no Presídio São Luís I, também no Complexo de Pedrinhas, quando 13 detentos fugiram da unidade prisional, conforme a Sejap.
Entrega de cargo
No fim da manhã desta quarta-feira, o secretário de Justiça e Administração Penitenciária do Maranhão, Sebastião Uchoa, entregou o cargo, em meio à crise no sistema penitenciário maranhense. O secretário de Segurança Pública, Marcos Affonso, assume a pasta, interinamente, acumulando funções. A saída do comando da pasta foi oficilizada por meio de nota emitida pelo governo do estado, horas após a fuga de presos do Presídio São Luís I e, também, de uma nova tentativa de fuga no complexo, desta vez na Casa de Detenção.
Vigilantes fazem paralisação
Os vigilantes que prestam serviços ao Complexo Penitenciário de Pedrinhas realizaram no início da noite de terça-feira (16), uma paralisação de advertência com o objetivo de reivindicar melhores condições de trabalho em sua área. De acordo com informações do presidente do Sindicato dos Vigilantes do Estado do Maranhão (Sindvig-MA), Raimundo Benedito Raposo, os trabalhadores que agem naquela área não possuem nenhuma infraestrutura para desenvolver suas atividades. “Os trabalhadores vão e voltam no mesmo ônibus utilizado no transporte dos presos, as guaritas estão em péssimas condições, sem abrigo de sol ou chuva”.

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