novembro 19, 2013

Palácio dos Leões ou Ilha da Fantasia?

ladrões
Por José Reinaldo Tavares
Roseana Sarney nunca  soube administrar nada. É fato conhecido. E mais do  que  comprovado  pela  simples  constatação  do  descontrole  no  caótico governo que finge comandar. Creio  que  ninguém  duvida  disso. Ela só  era razoável como marqueteira de si mesma. Era.
Quando a desordem se instalou no estado, tomado pela insegurança e pela bandidagem, ninguém achava a governadora. Nenhuma palavra, nenhuma ação por parte dela, enquanto a cidade sofria nas mãos dos bandidos. Caos instalado  no  aparelho  policial,  tanto  na  Polícia  Militar  quanto  na  Civil.
Policiais estão  sendo atacados e mortos pelos bandidos. Os  dois  policiais militares  atacados,  um  deles  assassinado,  estavam  em  trailers  diferentes sozinhos. A guarnição policial em um trailer deve ser de três homens, para que  possam  trabalhar  protegidos  e  com  fácil  comunicação  com  patrulha móveis na área, que permitam imediata mobilização e condições de ação e retaliação.  Nada  disso  existia.  Os  policiais  estavam  sozinhos  e desamparados e os bandidos vieram por trás. Sem cobertura, se tornaram alvos fáceis, tanto que todos agora se recusam a trabalhar nos trailers. Com toda a razão.
E  a  tendência  é  piorar. O  presidente  da Adepol,  sindicato  dos  delegado Marconi Lima, informou que 390 policiais, entre eles 60 delegados,  estão encaminhando  pedidos  de  aposentadoria. A  grande  maioria  completou  30 anos  de  serviço  e  já  tem  tempo  suficiente  para  o  pedido.  Eles  poderia continuar  na  ativa,  recebendo  um  abono  de  permanência,  mas  estão preferindo sair por falta de estímulo para  permanecer no trabalho. Entre os 60  delegados,  30  já  haviam  pedido  para  sair.    Hoje  as  delegacias  estão caindo  aos  pedaços  literalmente.  Não  existe  ambiente  de  trabalho  na maioria delas. O  presidente  da  Adepol  culpa  diretamente  o  governo  pelo  nível  de insatisfação  existente  na  Polícia  Civil,  corporação  sem  investimento, planejamento e tampouco gestão.
E o que faz o governo? Nada! Ou melhor, diminui os recursos destinados à segurança no orçamento para 2014.
Já  na  Polícia  Militar,  Roseana  optou  pela  prática  comum  dos  clubes  de futebol, que, quando não têm resultados positivos, muda o técnico. Assim, para  jogar  a  culpa  nos  ombros  dos  comandantes  anteriores,  tentando mostrar que estão agindo, troca­os por novos. Mas nada indica que mudará alguma  coisa,  pois  não  disponibilizaram  mais  verbas,  nem  armamentos, tampouco soldados ou apoio. A profissão de policial é uma das mais árduas e  perigosas  entre  todas.  O  policial  e  a  polícia  precisam  de  apoio,  de treinamento constante, de ajuda psicológica, de regras claras no dia a dia, além  de  melhores  salários.  E  de  ter  a  profissão  valorizada.  Sem  polícia atuante, o caos toma conta. É o que acontece hoje.
E a governadora Roseana, quando resolve falar, sem ter o que dizer, faz a opção  pela  bravata  e  diz  que  não  tem  medo  de  bandido,  além  de  outras bobagens mais. Ela, pensando bem, até pode dizer isso, pois tem duzentos policiais  e  uma  guarda  muito  grande  de  segurança  pessoal  ao  seu redor, isso  sem  falar  que  se  desencastela  muito  pouco  por  aí.
E  os  outros, governadora?
Nem  marketing  pessoal  sabe  fazer  mais.  Ou  ela  acha  que  o  que  disse tranquilizou alguém? Ao contrário do que pensa, causou mais revolta. Não bastasse isso, a situação da segurança apenas se repete na educação, na  saúde,  na  infraestrutura,  na  agricultura  familiar,  no  emprego,  no desenvolvimento.  Na  PNAD  de  2012,  dados  oficiais,  o  horror  está
espelhado. Quase um milhão de maranhenses (988.931 habitantes) maiores de  15  anos  de  idade  se  declaram  analfabetos.  São  20,8  por  cento  da população, a maior concentração de analfabetos de todo o país.
Se juntarmos aos que se classificam como analfabetos funcionais, ou seja, não conseguem ler e interpretar um texto, esse número esbarra em torno de 60  por  cento  da  população,  ou  quase  4  milhões  de  pessoas,  que  no Maranhão estão figurativamente  acorrentadas à baixa renda.
E o que faz o governo? Deixa o combate ao analfabetismo sem recursos no orçamento de 2014!  E  corta  23  milhões  do  orçamento  da  educação.  Um  ataque  ao cumprimento  da  Lei  que  determina  que  25  por  cento  dos  recursos  do orçamento  sejam  aplicados  em  Educação.  Como  o  orçamento  de  2014   maior  do  que  o  de  2013,  a  Educação  deveria  ter  mais  e  não  menos recursos, como quer a governadora.
Não é mesmo a Ilha da Fantasia?
O Maranhão jamais conseguirá se desenvolver, se não quebrar os elos da corrente que o aprisionam. Essa corrente é política e a lógica interna que a domina é a de que a educação é inimiga dessa dominação. Com efeito, os municípios mais atrasados são onde mais amealham  votos. De modo que não se interessam minimamente pela mudança desse quadro.
Ademais,  o  estado  precisa  resolver  seus  problemas  de  logística,  se quisermos  trazer  empresas  e  crescer,  atraindo  investimentos.  Não  temos aqui  uma  infraestrutura  de  transportes  em  demanda  ao  porto  com  custo competitivos  e  que,  assim,  possa  atrair  empresários  para  investirem  no Maranhão.
Não existe aqui uma malha de transporte que possua uma lógica que  evite  custos  maiores  do  que  em  outros  estados.    São  necessários estudos para que possamos ter um plano de logística para ser debatido  e aprovado  por  todos  os  interessados.  A  construção  dessa  malha  criaria
muitas oportunidades de trabalho. Outro campo básico da infraestrutura é o da energia, principalmente a oferta do gás combustível. O nosso porto não tem gás combustível para oferecer e isso  impede  a  sua  consolidação  como  grande  indutor  do  nosso desenvolvimento. É preciso ter em conta que o governo atual permitiu que Eike Batista fizesse o que quisesse com o gás do Maranhão.
Mas nem tudo está perdido. Poderemos transformar o lixo produzido na ilha de São Luís, cerca de mil toneladas diariamente, em gás. Hoje o lixo é um grande problema, pois é depositado em um lixão próximo ao aeroporto sem maiores  cuidados,  causando,  como  consequência,  perigo  na  aproximação das  aeronaves  e  evidentemente  grandes  problemas  de  poluição,  tanto  no subsolo, contaminando preciosos lençóis freáticos, quanto com a liberação de gases indesejáveis e altamente poluidores na atmosfera.
Usinas de Plasma receberiam esse lixo e o transformariam em gás inerte, que é um combustível barato para a indústria. Esse gás seria disponibilizado no distrito industrial próximo ao porto.  Todo o lixo produzido seria entregue à  usina,  independente  de  sua  origem  (domiciliar,  industrial,  pneus, hospitalar, ou outros) e seria transformado  em  gás  inerte  pelo  plasma  e  o gás  produzido  seria  vendido  às  indústrias  a  custo  compatível  e  sem subsídios do estado.
A tecnologia existe e o BNDES poderia financiar a instalação da usina que poderia ser explorada pela Gasmar, como manda a lei. A solução é limpa, evita  a  poluição  dos  lixões.
É  uma  solução  verde  e  inteligente.  Tudo  isso seria  precedido  de  estudos  de  viabilidade  técnica  e  econômica,  sem dúvidas. Mas a usina se paga com alguns anos de funcionamento e  seria um investimento lucrativo para a Gasmar, que começaria a ter viabilidade. Precisamos  planejar  o  Maranhão  para  sairmos  do  buraco  no  qual  nos encontramos.
Não podemos mais perder tempo.

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