julho 08, 2013

Caso Bira do Pindaré: A verdade de cada um.



Por Abdon Marinho

Ontem, domingo, o jornal "O Estado do Maranhão", noticiou em sua primeira página, com detalhes na página 2, uma suposta condenação que teria sofrido um deputado estadual. Carregou nas tintas para colocar em seus ombros a pecha de corrupto, ímprobo. Não há, na matéria, o espaço que se deve garantir aos acusados de tão graves delitos, chamado de "outro lado", onde se ouve e até contesta o que foi dito, tão pouco há a informação que se tentou fazer isso. Tudo bem, no Maranhão ainda se faz jornalismo como no século passado, como no começo do século passado, diga-se.

A matéria reverberou em toda a mídia que faz oposição (mídia faz oposição?) e na mídia da situação (mídia governista?). 


O deputado em questão lançou uma nota com sua versão dos fatos. Entretanto e apesar da mesma, o assunto não encontra-se devidamente esclarecido. Quer dizer esclarecido para quem quer saber a verdade. Para os demais, tanto de um lado quanto do outro, está tudo claro como a luz solar. Um grupo continua afirmando que o deputado está condenado por corrupção, com os direitos políticos suspensos e que o mesmo é um ímprobo e deve ser banido da vida pública. Já para o outro grupo tudo está claro, o deputado é inocente, seu nome foi lançado ao rol dos culpados por desleixo do TCU ou por perseguição da mídia burguesa, quatrocentona, falida, etc.


Num mundo dicotômico é muito fácil: basta que cada um acredite na verdade dita por seu grupo. Somente isso.
Para os dois grupos o assunto está liquidado. Os aliados de cada um acredita na "verdade" disseminada pelo seu respectivo grupo. 


Mas e para os demais, aqueles que acreditam na existência de uma única verdade? Esses poderão se contentar em não saber. Aliás, esse negócio de saber sobre assuntos de interesse público é coisa de enxerido. Rsrsrs.
Uma coisa, entretanto, é importante saber. Salta aos olhos que temos grande parte da mídia superficial, mais preocupada em disfarçar a verdade do que esclarecer os fatos aos seus leitores. Custava ouvir o outro lado? Questionar sobre o assunto e passar ao leitor o que de fato aconteceu? Custava, também a mídia "do outro lado" (acho fofa essa ideia de que mídia tem lado), ir além da nota oficial e questionar sobre os pontos controvertidos? 
Pelo que está dito o leitor não comprometido com uma tese ou com outra, não sabe o que de fato está acontecendo, se o deputado foi ou não condenado; se o jornal mentiu ou não com o único propósito de desqualificar o adversário ou trazê-lo para a vala comum. 


Com chance de está errado, arrisco um palpite sobre o que aconteceu. Repito, com chance de está errado, não tenho nenhuma informação além do divulgado por ambos os lado. 


Deduzo que se deu o seguinte: o deputado foi efetivamente condenado, contudo no prazo legal entrou com recurso de reconsideração e com isso suspendeu os efeitos da condenação, unicamente em relação a ele. Isso depreende-se do documento que foi juntado. Se o recurso não interposto não tivesse efeito suspensivo não estaria dito no documento que os itens do acórdão estão suspensos, não é mesmo? Como os demais não entraram com recurso algum ou se entraram, foi fora do prazo, a esses só cabe recurso de revisão que não tem efeito suspensivo. 


Ainda na linha do imaginário parece que a verdade não interessa a nenhum dos lados, por isso que sempre usam o artificio da meia verdade, meia mentira, esconde daqui, oculta ali e por ai vai. Cada um com suas próprias verdades ou com suas mentiras particulares, como queiram.

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