Por DANIELA MARTINS
As acusações mais duras da campanha presidencial, até agora, foram trocadas entre os candidatos no debate do SBT. Foi um tiroteio. O senador Aécio Neves se saiu melhor do que a presidente Dilma Rousseff. Ao contrário do debate na TV Bandeirantes, em que Dilma assumiu a ofensiva e se saiu melhor, o tucano inverteu as posições no SBT.
Desde o começo, Aécio se mostrou disposto a revidar duramente os ataques de Dilma. Ao longo do debate, deu respostas melhores do que a presidente. Dilma citou que o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras teria revelado que o então presidente do PSDB em 2009, Sérgio Guerra, teria recebido propina para engavetar uma CPI sobre a Petrobras. Aécio respondeu que via a presidente dar crédito à acusação pela primeira vez. Em relação às acusações de nepotismo, de ter nomeado parentes no governo de Minas, o tucano retrucou dizendo que um irmão da presidente teria sido funcionário fantasma da Prefeitura de Belo Horizonte na administração de Fernando Pimentel, em 2003.
A presidente Dilma usou a estratégia de tentar desconstruir Aécio do ponto de vista pessoal. Daí falar em nepotismo e no aeroporto de Cláudio, que foi feito numa área desapropriada de um parente de Aécio. Dilma chegou a falar de um episódio em que Aécio foi parado pela lei seca no Rio, no qual o tucano não fez o teste do bafômetro. A petista tentou desmanchar a imagem de Aécio, mostrando eventuais falhas pessoais que seriam inadequadas para um candidato a presidente.
A estratégia do tucano foi tentar desconstruir Dilma do ponto de vista do seu governo. Falou que houve fracasso na economia, batendo na inflação alta e no crescimento baixo. Voltou muitas vezes ao tema de acusações de corrupção na Petrobras. Foram desconstruções diferentes, mas que as duas campanhas julgaram, ao final do debate, eficientes numa disputa tão apertada.
Houve um debate à parte sobre Minas Gerais. Aécio negou informações que Dilma deu sobre a gestão dele como governador do Estado. Há uma disputa intensa pelo voto mineiro _o Estado é o segundo maior colégio eleitoral do país.
As pesquisas dizem que esta é a disputa presidencial mais apertada desde 1989. Os candidatos estão disputando voto a voto. O ideal é sempre um debate propositivo. As propostas deveriam convencer os eleitores. No entanto, esses ataques também ajudam a desnudar os candidatos. Ainda que haja exageros, a campanha eleitoral serve exatamente para que os candidatos se exponham mais, para que eles se mostrem como realmente são.
Ao partir para acusações duras, os candidatos correm maior risco de estimular uma escalada de baixaria. Na internet, há partidários dos dois lados com discursos violentos. Um comportamento mais agressivo dos candidatos estimula essas torcidas a serem mais agressivas ainda.
A disputa real pelo poder é dura. É a política como ela é. Mas é preciso que os candidatos tenham cautela ao estimular ataques para que evitar episódios de violência verbal e até física.
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