Presidente busca se esquivar de ataques sobre corrupção, arma a ser explorada pelo tucano, que deve citar Marina no final
Usar a comparação para tentar escapar de ficar na defensiva. Essa é a estratégia traçada pela campanha da presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, para reverter no debate da Band, marcado para a próxima terça-feira (14), ataques de seu adversário, o tucano Aécio Neves.
Além desse arsenal, o candidato do PSDB também vai recorrer à apresentação de promessas de campanha – como o fim da reeleição e a implementação da escola em tempo integral – e dos apoios que obteve para o segundo turno. Aécio deve, inclusive, citar o nome de Marina Silva (PSB), terceira colocada no primeiro turno, com 22,2 milhões de votos, que neste domingo (12) declarou oficialmente seu apoio e voto no tucano.
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Espera-se que Aécio invista nos questionamentos sobre o suposto envolvimento do partido de Dilma com o esquema de corrupção investigado na Petrobras, principalmente após o vazamento de áudios com parte do depoimento do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa.
“Isso pode ser objeto do próprio enfrentamento. Nós vamos levar programa de governo, propostas para o País. E claro que passa sem dúvida alguma por um comportamento ético, e por decência na administração pública, coisa que neste governo deixou de existir”, diz um tucano próximo à campanha de Aécio.
Assessores da presidente têm se dedicado a reunir dados que indicam que a Polícia Federal não tinha autonomia nem isenção para investigar esquemas de corrupção envolvendo tucanos, na gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
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Na semana passada, a própria presidente se valeu da informação de que no governo tucano, diretores da PF eram filiados ao partido do então presidente.
Dilma, sem citar nomes, referiu-se ao delegado Agílio Monteiro Filho, filiado ao PSDB desde 25 de setembro de 2001 e que dirigiu a instituição de junho de 1999 a abril de 2002, nomeado por FHC. Após deixar o cargo, Monteiro chegou a se candidatar a deputado estadual pelo PSDB, em Minas Gerais. No entanto, não conseguiu se eleger.
Monteiro também é lembrado por outra operação cercada de suspeitas de uso político da PF: a que executou da operação de busca e apreensão, determinada pela Justiça, a uma empresa da governadora Roseana Sarney, em 2002, pré-candidata do PFL à Presidência.
O mote do comportamento de Dilma no debate será a comparação, de acordo com um integrante da campanha. Dilma já ensaiou respostas para tentar diferenciar investigações reais daquelas que servem a interesses políticos.
A presidente também pretende passar a imagem de total intolerância com atos de corrupção e estabelecer um contraponto com a gestão de Aécio Neves, em Minas Gerais, resgatando a construção do aeroporto na cidade mineira de Cláudio, com dinheiro público, na fazenda de um tio de Aécio.
O caderninho que a presidente levará ao debate também estará repleto de dados sobre a condução da economia. Dilma apostará na exposição das taxas de juros praticadas pelo governo tucano, em comparação com o período do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu governo.
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“O debate nós vamos fazer é para confrontar as ideias e por quê o Brasil não dá certo nas mãos do PT”, diz o integrante do PSDB. “A presidente Dilma deixa este governo pior do que recebeu.”
Aécio deve também aproveitar a exposição na TV para reforçar a ideia de que maioria dos eleitores brasileiros querem mudança – o argumento do tucano tem sido o de que Dilma não obteve a maioria absoluta dos votos – e que, ele Aécio, é o candidato natural desse grupo.
“O Brasil quer mudar, o Brasil quer tirar o PT, o Brasil quer fazer uma limpeza no País, do ponto de vista ético, na administração pública federal. E quem quiser a mudança está caminhando com a Aécio. Espero que a Marina caminhe conosco também”, diz a fonte.
Questionado, o integrante do PSDB sugeriu que o nome da ex-senadora Marina Silva pode ser citado no fim do debate pelo tucano – como já ocorreu na propaganda eleitoral que foi ao ar na semana passada, antes mesmo de qualquer declaração formal de apoio.
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“Eu acho que o Aécio pode, nas considerações finais do debate, agradecer os votos recebidos no primeiro turno e os apoios recebidos agora na virada de todos os ex-candidatos ou dos partidos que já anunciaram o apoio para ele.”
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