fevereiro 10, 2014

O que pensa a juventude maranhense em relação a política atual: poderão fazer a luz do sol brilhar?

Larissa
*Por Larissa Uchôa
Lembro exatamente o dia em que fui “tirar” meu título de eleitor. Acabava de completar a idade mínima obrigatória, 16 anos. Mas, bem antes disso, fazia questão de ir às urnas na escola em que meus pais votavam. Era engraçado e despertava o interesse dos mais adultos, pois além de saber os nomes e os números dos candidatos, quando meus responsáveis optavam por um que não fosse a minha opção, argumentava até que eles mudassem de opinião. Enfim, com esta retrospectiva, quero chegar ao ano de 2012, quando foi a primeira vez que me olhei diante da urna eleitoral. Momento mágico, em que me senti muito importante, por ter a oportunidade de participar de um processo de mudanças. Após 2012, passada a euforia, comecei a analisar as posições políticas de colegas e amigos da minha faixa etária. Encontrei alguns problemas e passei a me incluir na realidade dos jovens maranhenses que hoje interrogam: “Qual a nossa perspectiva para a política maranhense?”.
Politicamente, o que demonstra o início do amadurecimento da juventude é o gradativo cessar da passionalidade política no interior do Maranhão. Hoje, muitos já se negam a manter títulos de eleitor em cidades onde sequer passam 15 dias ao ano. Infelizmente, nestas, ainda vale a lei do mínimo esforço e pequenas famílias não medem esforços para manter seus domínios, é a cultura da perpetuação do poder. São gerações perdidas, povos sofridos e vidas ceifadas; tudo fruto do descaso público. As “casas grandes” só são presentes no cotidiano da população a cada dois anos. Apesar de vários municípios findarem com tais práticas, dizer que é uma totalidade em nosso Estado é ser demagogo. Embora seja um aspecto positivo, ainda há questões que chamam a nossa atenção, como iniciantes políticos.
É perceptível a crescente militância política e a mobilização dos jovens nas diversas mídias. Contudo, para aquele que verdadeiramente propõe novos caminhos ao Maranhão, restam dúvidas. Diariamente, se assiste uma série de ataques desnecessários; discursos repetitivos, nada revolucionários e até postagens de cunho pessoal – por todos os lados. É angustiante para o jovem maranhense viver em um fogo cruzado que expõe os próprios cidadãos ao ridículo, uma vez que não há uma efetiva integração dos poderes e resoluções concretas. Até quando seremos reféns de questões políticas que desgastam a esperança que acabou de nascer em nossos corações? As eleições de 2014 se colocam como um enigma: seria tampar o sol com a peneira?
Ser sujeito da verdadeira mudança social no nosso Estado ultrapassa as barreiras do senso comum e do messianismo com que estas eleições estão se dando. A positiva perspectiva política do jovem maranhense barra em práticas politiqueiras promíscuas. Há um intenso desvirtuamento ideológico que compromete a credibilidade das gestões que passam pelo Executivo. Sem contar com o rompimento dos compromissos eleitorais, tudo em nome de alianças fortuitas e que fragilizam ainda mais a população. O pior é a existência de defensores que dizem: “Isso é da política”. Apesar de estarmos de mãos atadas, não podemos ser coniventes com práticas dessa natureza. É, sobretudo, dar espaço para que no amanhã eles confundam o público com o privado e repitam o que hoje é apontado como erro, ou seja, uma simples redundância na acepção de Orwell à vista?
Mesmo com tantos motivos para se entristecer, há algo que candidato nenhum pode retirar desta juventude: a vontade pela justiça social neste Estado, a luta pela verdadeira democracia e, principalmente, o direito à intensa interrogativa crítica sobre a questão política que o Maranhão vivencia. Por mais que o quadro seja complexo, podemos fazer a luz do nosso Estado brilhar: basta fazer as escolhas corretas. Há um passado de luta e um futuro que esperamos ser de glória. Aos jovens realistas, deixo os versos de “Oração Latina” de César Teixeira: “… E diga sim a quem nos quer abraçar, mas se for pra enganar diga não… E quem nos ajudará? A não ser a própria gente, pois hoje não se consente esperar. Somente a rosa e o punhal, somente o punhal e a rosa poderão fazer a luz do sol brilhar…”. Avante, juventude!
Larissa Botêlho Albuquerque Uchôa, 18 anos,
Acadêmica do Curso de Direito da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

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