"Não existe outra definição a não ser canil. Seres humanos são tratados como cães ali. A cela é tão escura que nem possibilita ver quem está dentro. Há muita sujeira."
A descrição é da juíza Samira Barros Heluy, responsável por determinar, no dia 10, a interdição das quatro celas que formam a carceragem da delegacia de Miranda do Norte (a 140 km de São Luís). A magistrada relata que as celas são totalmente escuras, com calor excessivo. Segundo ela, havia lixo acumulado e forte odor de fezes e urina, que atraía muitos urubus.
Os presos passavam o dia sentados ou deitados diretamente no chão, já que não existem colchões ou redes. Havia quatro presos no momento da vistoria. De acordo com a juíza, não havia água potável para eles. A água usada para beber e para higiene pessoal era armazenada em um caixa destampada.
"A água é muito escura. Não é possível que um ser humano beba aquilo", disse a magistrada. "É um local totalmente escuro, insalubre e sem condições de manter seres humanos."
A juíza comunicou a interdição ao governo do Maranhão e ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Procurado ontem e anteontem, o secretário estadual de Segurança Pública, Aluísio Mendes, não se manifestou sobre a condição da cadeia.
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